O Estado de São Paulo registrou 33.394 ocorrências envolvendo motocicletas, no ano de 2021. O que significa um roubo ou furto a cada 16 minutos ou quatro por hora. Os dados estão no Boletim Econômico Tracker-FECAP que acaba de ser lançado e foram analisados a partir dos números da Secretaria de Segurança Pública. Os furtos cresceram 26,91% na comparação com o ano anterior, já os roubos apresentaram queda de 6,35%.
“O comércio ilegal de peças usadas movimenta diretamente a prática de roubo e furto de veículos. Com o envelhecimento da frota de motocicletas, é natural a necessidade de reposição de peças, porém devido aos preços mais elevados das montadoras, muitos brasileiros acabam recorrendo a este ‘mercado paralelo’, fomentando assim o setor e contribuindo para o aumento do número de delitos”, analisa o coordenador do Centro de Operações do Grupo Tracker, Vitor Correa.
O Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da FECAP ressalta a mudança no comportamento dos criminosos durante a pandemia, que estão cometendo os delitos inclusive em locais de acesso restrito. “Entre 2019 e 2021 é possível observar uma mudança significativa de alguns dos principais locais de furtos. Por exemplo, o número de ocorrências em ‘Garagem/Abrigo de Residência’, em 2019, correspondia a 162 furtos. Em 2021, saltou para 815, um crescimento de 403,09%. Os ‘Estacionamentos Públicos’ também apresentaram um aumento significativo de 81,87%”, afirma o coordenador do Departamento, Erivaldo Costa Vieira.
No ano passado, os roubos aconteceram de forma bem dividida entre os dias da semana, com leve destaque para as ocorrências nas sextas-feiras (15,50%). Os furtos, por sua vez, apresentaram comportamento um pouco diferente, com maior concentração de eventos no ‘meio’ da semana – destaque para as terças (17,19%), quartas (17,59%) e quintas (17,93%).
Modelos e marcas mais visados
Das 20.532 motos furtadas em 2021, 72,86% (14.960) foram da marca Honda, o que representa um aumento de 32,30% frente a 2020. Em seguida vem a marca Yamaha, com 13,61% dos furtos. No caso dos roubos, o comportamento é semelhante, com concentração por parte de modelos Honda. Das 12.862 motos roubadas, em 2021, 56,95% foram desta montadora, enquanto 17,93% eram motos Yamaha.
Motos de alta cilindrada
Ainda que em menor representatividade na frota de motocicletas, modelos de alta cilindrada – para este estudo, motos a partir de 500cc – também apresentaram crescimento de aproximadamente 30% nas ocorrências, entre os anos de 2020 e 2021, no estado de São Paulo. “Estes modelos, de maior valor e maior porte, geralmente voltados para o lazer e passeio, também se tornaram alvo de quadrilhas especializadas em roubos de motos e de bandidos que cometem os delitos para circular e ‘ostentar’ os veículos dentro de comunidades. Para estes casos, especificamente, o comportamento dos roubos é um pouco diferente, com predominância aos finais de semana e no período noturno. Provavelmente, nos dias em que estas motos circulam mais”, afirma Vitor Correa.
Os modelos mais visados pelos bandidos em 2021 foram Honda CB 500 (201 roubos e 36 furtos); Triumph Tiger — todas as cilindradas — (163 roubos e 12 furtos); Honda CB 600 Hornet (107 roubos e 33 furtos); BMW G650GS (56 roubos e 66 furtos); e Yamaha XJ6 (50 roubos e 10 furtos).
Cidades mais perigosas
A capital paulista, que lidera o ranking, registrou um aumento de 33,69% nos furtos em 2021, na comparação com o ano anterior. Santos se manteve na segunda colocação e também apresentou alta de 40,48% nessa modalidade de crime. Campinas subiu da quarta para a terceira colocação.
No caso dos roubos, São Paulo, Campinas e Guarulhos foram as três cidades que apresentaram o maior número de ocorrências nos anos de 2021 e 2020. Enquanto o município de São Paulo registrou queda de 8,53%; Campinas e Guarulhos apresentaram altas de 18,94% e 4,21%, respectivamente.
Bairros e endereços mais perigosos
Os bairros com mais furtos de motocicletas em 2021 foram Tatuapé (311); Santana (299); Vila Mariana (265); Bela Vista (253); Itaim Bibi (252) e Lapa (229). Em contrapartida, bairros mais afastados, localizados em regiões periféricas da capital, apresentaram os maiores números de roubos: Capão Redondo (174); Guaianases (145); São Mateus (143); Jardim Ângela (136); Campo Limpo (127) e Jardim São Luiz (106).
Outros veículos
O ano passado registrou uma alta de 21,22% nos casos de furtos de veículos (79.670 ocorrências). Apesar do expressivo aumento, os números ainda estão abaixo dos registrados três anos antes, no período anterior à pandemia. Em uma comparação entre 2021 e 2019, observa-se uma queda de 12,11%.
Os roubos de veículos em 2021 (33.039 registros) também apresentaram alta em comparação ao ano de 2020, com crescimento de 3,60%. Já na comparação com 2019, as ocorrências caíram 28,97%.
Os roubos de carga cresceram 10,32% em 2021 (6.529 ocorrências), em relação a 2020. Seguindo comportamento similar aos furtos e roubos de veículos, o ano passado registrou números inferiores aos de 2019, com uma queda de 10,87% nas ocorrências.
Reportagem: Da redação. Foto: Divulgação.
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